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Jaguar Perfumado

aqui... asas para voar, raízes para regressar e motivos para ficar! - Dalai Lama -

Jaguar Perfumado

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Qua | 29.07.20

Lar, (inesperado) doce lar!

Frankie

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img. by Pinterest

Nem eu sabia o quão importantes eram aqueles domingos de manhã, em que o sol rasgava aquela cozinha já de si cálida e a transformava num espaço quente, luminoso, subitamente inundado do aroma típico da granola feita em casa com o maior carinho que podemos carregar ao peito. Não podia imaginar a saudade que iria sentir dessas manhãs, do cheiro, da luz e do ambiente que se gerava à volta de algo tão simples como preparar a própria granola. Na verdade, só hoje percebo que é na cozinha que se escondem as minhas melhores memórias em família, seja agora com a família maior, seja antes quando a minha família era mais reduzida. Só agora valorizo e dou importância aos momentos passados naquele ambiente, só agora percebo o amor reconfortante que se pode sentir e passar num espaço tão quente e acolhedor, onde se cria algo tão simplesmente maravilhoso como uma simples granola, ou as panquecas que todos devoramos nesses domingos de manhã. Foi preciso entrar em obras, perdermos o seu cheiro para lhe darmos todo o valor que efetivamente merece. Nesses dias contei, literalmente, os dias para voltarmos a celebrar esses domingos…

 

Durante o confinamento, com o COVID-19 ergueu-se também uma nova realidade.
Passamos a apreciar a nossa casa, como nunca antes tínhamos valorizado. Hoje olhamos para ela e percebemos claramente cada “defeitozinho”, cada ponto de destaque. A cada assoalhada foi atribuída nova personalidade, cada uma delas ganhou nova dimensão, ganhou espaço no próprio espaço que sempre ocupou.

Julgo que ninguém suspeitava da importância que cada metro quadrado poderia assumir.
As nossas casas ficaram mais pequenas, ficaram mais cheias, algumas delas, super-lotadas e tivemos de aprender a viver na nossa própria casa, a conviver num ambiente conhecido, por um lado, mas totalmente novo, num contexto muito distinto e com um conceito bem diferente.
O quarto ficou mais privado, a sala mais populada, a cozinha passou a ser o local de partilha e convívio… as partes exteriores, como as varandas, terraços ou jardins, uma simples janela para o exterior ganhou nova vida. Espaços até aqui ignorados ganharam nova expressão, muitos acabaram por renascer.

 

Sempre considerei a minha casa, um verdadeiro refúgio, o local onde me posso resguardar, esconder sem nada recear. Um verdadeiro ninho que sempre admiti não poder disfrutar tanto quanto gostaria ou quanto merecia – a vida assim o determinava.

Tenho uma casa que adoro, sempre adorei, onde me sinto realmente num lar, com a paz que mereço a cada final de dia que chega. Tenho sorte, eu sei… Há países onde a casa é um bem adquirido, todos tem independentemente das suas posses. Porém, na maioria dos outros países, pessoas há que trabalham toda a sua vida para garantir a sua e, no entanto, outras pessoas nunca chegam a ter sua própria habitação.

“Home is where Love is!” Em português: “o nosso lar está onde encontramos o amor!” e sim, isso é verdade mas o espaço físico também conta e, embora não seja o mais importante, é mesmo assim de suma importância!
Hoje, depois desta quarentena, no contexto dos dias estranhos que atravessamos, todos realizamos que em nossa casa, vivemos!

 

Seg | 27.07.20

Ninguém é insubstituível... excepto a Cristina Ferreira

Frankie

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img. via @paradoxical.hopes

Não obstante, como em tudo, não há regra sem exceção.
Especialmente no mundo profissional, no ambiente competitivo atual, é amplamente defendido e inclusivamente propagado que não há pessoas ou profissionais insubstituíveis. Todos temos o nosso valor, todos somos únicos à nossa maneira, mas a realidade é dura e crua: cada pessoa que sai, por sua vontade manifestada ou por vontade alheia, haverá outra para a substituir e, convenhamos, nos dias que correm esta substituição ocorre, efetivamente, com alguma agilidade.

Não conheço todos os meios profissionais, nem tão pouco estou lá perto, mas tanto quanto me apercebo pelas relações pessoais ou profissionais que mantenho, pelos contactos que promovo, a verdade tende a ser esta, sem grande exceção.

Com base nesta premissa, levamos o nosso profissionalismo muito a sério, investimos na nossa carreira, vamos tentando evoluir, crescer, aprender e mantermo-nos sempre atualizados para podermos “garantir” a nossa estabilidade profissional. Garantir que nos mantemos minimamente imprescindíveis, pelas nossas qualidades, competências, enfim aquilo que temos e podemos oferecer a quem nos dá emprego. O  objetivo final é garantir o nosso emprego e tanto quanto possível, tornarmo-nos insubstituíveis… lírico, não?

Afinal ninguém é insubstituível… ninguém, excepto a Cristina Ferreira!

Percebemos nos últimos dias, que esta senhora conseguiu efetivamente impor-se profissionalmente ou, pelo menos, o suficiente para garantir que o seu lugar e o seu contributo sejam tão importantes que desemboquem neste alarido à volta do seu movimento entre estações de TV e acentuem ainda mais a rivalidade existente entre elas.

Fantástico realmente. Go go Cristina! É em tempos conturbados que se vê de que fibra se é composto e fico francamente, maravilhada com a fibra que esta mulher demonstra ter. Sem medos, sem rodeios, sem qualquer pudor profissional assume o que quer e do que é capaz. Revela uma obstinação e uma coragem, como poucos, vai atrás do que mais lhe convém e não olha para trás. Assume-se, revela-se… é ela própria sem temores.

Concordemos, ou não, ela vai em frente até conseguir fazer o seu caminho, não há obstáculos. Ou, se há, contornam-se, resolvem-se a seu tempo, e foi o que aconteceu quando antes avançou da TVI para a SIC.  O resultado é o que hoje conhecemos. Gostemos, ou não, da abordagem, a meu ver é, no mínimo admirável, um exemplo incontornável de força, de coragem, de segurança, de visão e sobretudo resiliência. Especialmente, tendo em conta as suas origens e o seu percurso pessoal. É reconfortante perceber que há quem chegue lá, que há mulheres com essa capacidade e determinação que seguem os seus objetivos independentemente de tudo e todos, das circunstâncias envolventes, da resistência de quem quer que seja ou mesmo, da força ou tração que outros podem criar para impedir esse movimento. É bom saber que é possível, que há quem chegue lá. 

A Cristina veio para ficar, veio para dominar e finalmente, impor o seu lugar ao sol.

 

 

 

Seg | 20.07.20

Dramas no feminino

...esse bicho raro que há em nós!

Frankie

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img. by mymodernmet.com

A mulher ocidental vive hoje, potencialmente, o maior drama interno de sempre.

Por um lado a pressão, sobretudo, da sociedade para ter uma carreira, ingressar no mundo profissional, garantir a sua total independência, desempenhar uma profissão, crescer com brio e ambição.
Por outro lado, o instinto, a sua génese natural e congénita que empurra para cuidar, procriar… instinto maternal, a biologia a funcionar.

Uma não implica a outra, uma não invalida a outra. Ambas são possíveis, ambas coexistem, mas a que preço? Tudo tem um preço e este, sendo mais um conflito, pode implicar um preço bem alto. Taxas de infertilidade, depressões, cancro…

Efetivamente, a escolha ou primazia dada a uma das opções não deveria limitar, muito menos condicionar, mas como?

Em prol da carreira, a mulher deixa passar os “prazos” e quando percebe isso, é já, muitas vezes tarde e as tentativas para engravidar passam a constituir novo desafio que, infelizmente, por ser mais um desafio é observado com muita ansiedade e pressão que em nada contribui para o bom sucesso da iniciativa.

Em prol da família, muitas mulheres passam ao lado de carreiras altamente promissoras e deixam de contribuir tão efetivamente quanto poderiam porque, efetivamente, há escolhas a serem feitas e, não é possível não deixar algo para trás.
Outras mulheres há, que tentam cumprir com todas estas ambições e acabam totalmente desfeitas, arrasadas pela exigência que isso comporta.

Este desafio da sociedade ocidental, é algo muito evidente na minha geração. É um drama meu, é o drama de muitas amigas, é a nossa realidade. Esta luta que se gera no nosso interior feminino, que nos deixa tantas vezes perdidas entre aquilo que sabemos que podemos e queremos fazer e, do outro lado, aquilo que efetivamente conseguimos fazer. Desejamos, mas não somos, supermulheres com super poderes.

Somos, tão somente, seres humanos a tentar fazer o melhor que podemos com as circunstâncias que temos, umas melhor outras pior, dependendo da ajuda com que podem contar, tendo em conta o país onde vivemos que pode proteger mais ou menos os nossos direitos e as nossas escolhas.

Em Portugal, o desafio é colossal. Não quero entrar em exageros mas, diria que é extremamente complicado balancear, encontrar um equilíbrio saudável. Arrisco dizer que é praticamente incompatível manter uma carreira vibrante a par das obrigações familiares e tudo o que isso comporta sem ter de recorrer a muita ajuda suplementar. Há, por isso, decisões a serem tomadas, opções a desconsiderar, sentenças a ditar.

Um drama que só nós mesmas, podemos resolver!

É a cabeça em conflito com o coração, a essência que se opõe ao racional. Duas facetas numa mesma moeda, cuja sorte não pode ser deixada ao acaso, é a nossa saúde em jogo, a nossa realização pessoal, a nossa contribuição para a sociedade, enfim, a nossa felicidade…

 

 

Qui | 16.07.20

De Havana a Miami são cerca de 300Km

De Havana a Miami são cerca de 300Km... mas a distância (terrestre) não é tudo!

Frankie

Gosto de pensar que tenho uma certa “queda” para a decoração, e algum olho para as tendências e perceber o que devo conjugar para chegar ao equilíbrio perfeito. Contudo, até chegar ao resultado final, dou voltas sem fim entre todas as ideias que pairam na minha cabeça. É um processo algo longo mas que me mantém ocupada com projetos que sei que vou gostar de concluir e, finalmente, disfrutar.

Um dos truques que utilizo é visitar lojas de decoração com que não me identifico para perceber e ter bem presente do que não gosto. Pode parecer uma perda de tempo desgraçada, mas na realidade ajuda-me a identificar rapidamente os ambientes onde me sinto bem e que fazem sentido para mim, replicar.

O resultado tem sido bom, o que me faz acreditar que o truque funciona – ver, conhecer, apreender é para quase tudo na vida, o meu mote. Por isso considero tão importante viajar e conhecer novas realidades, permite-me acrescentar mundo ao meu mundo e fazê-lo crescer!

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img. by travelwithjennats.com

Viajar não é só disfrutar de momentos prazerosos de férias, é isso também, mas muito mais.

Ter a possibilidade de divagar por partes incertas, desconhecidas, dá-nos acesso a mundos diferentes do nosso, vidas e mentalidades totalmente distintas. Ganhei esta noção numa viagem que fiz a Cuba há muitos anos atrás e nos contactos que travei pelas voltas que dei em Havana, deslumbrada com um mundo tão diferente do nosso, fui abordada por uma rapariga, àquela data aparentemente da mesma idade do que eu ou pouco mais nova e, me perguntou o que é que eu fazia como profissão, ao qual prontamente respondi sem hesitar ou desconfiar da resposta que tinha para dar, retorqui: -trabalho em Marketing.
Atenta à sua expressão, 
imediatamente percebi que a resposta não servia, não tinha sido elucidativa e por isso a rapariga continuava com ar inquisitivo, pelo que resolvi avançar com uma breve explicação sobre a função em causa, que acho, ainda assim, não ter servido de qualquer forma.

Tinha acabado de completar 25 anos e lembro-me do choque que senti, por perceber que havia gente da minha idade que não estava no mesmo patamar que eu e ignorava totalmente aquela que era a tendência profissional da minha geração em países comercialmente mais avançados como o nosso.

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img. by Gema Santamaría @500px.com

Estava na América Latina, numa ilha quase isolada do mundo que permanecia no tempo e vivia, praticamente, sem acesso ao exterior. A cerca de 300Km de Miami, um paraíso das compras e, com uma distância terrestre semelhante entre Lisboa e o Porto, pessoas da minha geração não sabiam o que era Marketing e, tão pouco, percebiam o conceito.

Durante essa viagem, o meu mundo cresceu, o mundo dessa rapariga pode ter crescido também. Ambas tivemos acesso a informação nova, informação que até aí ambas ignorávamos.

Nessa viagem, eu percebi o quão diferentes podem ser os horizontes de cada um face às influências e ambiente a que estamos sujeitos. Percebi o quão importante é conhecer outras realidades para podermos fazer as melhores opções, fazermos as melhores escolhas, traçarmos um caminho. Percebi o quão importante é, reconhecer a diferença para podermos decidir, conscientemente, o que para nós faz sentido.

Por isso, o sentido de visitar lojas do que não gosto, para ter a certeza do que gosto. Por isso, viajar e ter acesso a outras realidades, porque independentemente do que recolhemos, munem-nos sempre de conhecimento adicional, quanto mais não seja, do que não queremos ou não desejamos para nós. Quanto mais não seja, para valorizarmos o que temos.


 

Ter | 07.07.20

Perfeitos, especialmente na imperfeição!

Gelado de morango ou gelado de chocolate, cada um tem o seu favorito… faz falta saborear

Frankie

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Encontrar o par perfeito não é tarefa fácil, digo eu que tive "sorte".

Somos perfeitos um para o outro, especialmente na imperfeição e talvez essa seja a razão do nosso sucesso. Seguimos juntos há mais de 20 anos, crescemos juntos, formamos a nossa personalidade em conjunto, juntos somos um só! Diferentes aparentemente, com visão e perspetivas pessoais desiguais, postura e posicionamento absolutamente individual, caminhos profissionais ligeiramente distintos e que seguem paralelos sem nunca se cruzarem.

Julgo que o sucesso está realmente em sermos perfeitos nas nossas imperfeições.

Explico, todos temos virtudes e defeitos, é certo, mas o segredo está em juntarmo-nos com alguém que possa conviver pacificamente com as nossas imperfeições, isto é, reconhecê-las e aceitá-las e, quem sabe, absorver essas imperfeições e passar a considerá-las e integrar estas considerações, na normalidade de uma convivência (tanto quanto possível).

 Sei que, quase, parece utópico ter a fórmula para conviver pacificamente com a diferença... Mas sim, é possível, e pode ser muito saudável, pode mesmo ser, muito enriquecedor. Poderá ser uma via direta para o crescimento pessoal, profissional, emocional.

Reconhecer a diferença é um exercício diário, admitir que a diferença entre e ganhe lugar na nossa vida é uma atitude, um hábito que tem de ser trabalhado e estimulado para ganhar o seu espaço até que seja, simplesmente, uma forma de estar. É acima de tudo uma decisão que tem de ser tomada e respeitada para singrar.

Sejamos honestos, não há milagres. Há uma boa dose de sorte que (btw) dá imenso trabalho e, sobretudo, muita vontade para que dê certo.

Não pode ser um trabalho solitário, sem reciprocidade. Falta de dedicação ao mesmo nível, do outro lado, torna tudo bem mais complicado, ou mesmo, impossível. Porém, com dedicação, empenho de ambas as partes tudo é possível, requer, naturalmente, alinhamento conjunto – um alinhamento entre duas pessoas, que mesmo sendo diferentes, imperfeitas, estão em sintonia, perfeitamente sincronizadas em relação aos seus objetivos e forma de estar. Se conseguirmos esta sintonia no alinhamento, o resultado pode ser fenomenal e fazer valer a pena cada segundo, cada minuto de dedicação e empenho para acrescentar estas diferenças em nós. O resultado pode ser surpreendente e altamente positivo, verdadeiramente e emocionalmente enriquecedor, pessoalmente transformador.  

Gelado de morango ou gelado de chocolate, cada um tem o seu favorito… pouco importa qual, o que faz falta é saborear.