Dramas no feminino
...esse bicho raro que há em nós!
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A mulher ocidental vive hoje, potencialmente, o maior drama interno de sempre.
Por um lado a pressão, sobretudo, da sociedade para ter uma carreira, ingressar no mundo profissional, garantir a sua total independência, desempenhar uma profissão, crescer com brio e ambição.
Por outro lado, o instinto, a sua génese natural e congénita que empurra para cuidar, procriar… instinto maternal, a biologia a funcionar.
Uma não implica a outra, uma não invalida a outra. Ambas são possíveis, ambas coexistem, mas a que preço? Tudo tem um preço e este, sendo mais um conflito, pode implicar um preço bem alto. Taxas de infertilidade, depressões, cancro…
Efetivamente, a escolha ou primazia dada a uma das opções não deveria limitar, muito menos condicionar, mas como?
Em prol da carreira, a mulher deixa passar os “prazos” e quando percebe isso, é já, muitas vezes tarde e as tentativas para engravidar passam a constituir novo desafio que, infelizmente, por ser mais um desafio é observado com muita ansiedade e pressão que em nada contribui para o bom sucesso da iniciativa.
Em prol da família, muitas mulheres passam ao lado de carreiras altamente promissoras e deixam de contribuir tão efetivamente quanto poderiam porque, efetivamente, há escolhas a serem feitas e, não é possível não deixar algo para trás.
Outras mulheres há, que tentam cumprir com todas estas ambições e acabam totalmente desfeitas, arrasadas pela exigência que isso comporta.
Este desafio da sociedade ocidental, é algo muito evidente na minha geração. É um drama meu, é o drama de muitas amigas, é a nossa realidade. Esta luta que se gera no nosso interior feminino, que nos deixa tantas vezes perdidas entre aquilo que sabemos que podemos e queremos fazer e, do outro lado, aquilo que efetivamente conseguimos fazer. Desejamos, mas não somos, supermulheres com super poderes.
Somos, tão somente, seres humanos a tentar fazer o melhor que podemos com as circunstâncias que temos, umas melhor outras pior, dependendo da ajuda com que podem contar, tendo em conta o país onde vivemos que pode proteger mais ou menos os nossos direitos e as nossas escolhas.
Em Portugal, o desafio é colossal. Não quero entrar em exageros mas, diria que é extremamente complicado balancear, encontrar um equilíbrio saudável. Arrisco dizer que é praticamente incompatível manter uma carreira vibrante a par das obrigações familiares e tudo o que isso comporta sem ter de recorrer a muita ajuda suplementar. Há, por isso, decisões a serem tomadas, opções a desconsiderar, sentenças a ditar.
Um drama que só nós mesmas, podemos resolver!
É a cabeça em conflito com o coração, a essência que se opõe ao racional. Duas facetas numa mesma moeda, cuja sorte não pode ser deixada ao acaso, é a nossa saúde em jogo, a nossa realização pessoal, a nossa contribuição para a sociedade, enfim, a nossa felicidade…